Menos FACE y mucho más BOOK
Enquanto lia uma revista em espanhol de publicação paraguaia durante o curso que freqüentava encontrei um anúncio publicitário de uma universidade do referido país com um slogan que achei genial: “Menos FACE y mucho más BOOK”, de imediato chamei a atenção da maestra para a originalidade daquela propaganda, pois, vivemos num mundo “pós-moderno”, gostemos ou não, e, as redes de relacionamentos na net se tornaram um vício para as pessoas, vivemos na sociedade espetáculo, onde quem não faz o seu merchandising, o seu marketing, não existe. A genialidade que constatei no anúncio publicitário da Universidade do Paraguai se deve ao fato que hoje as pessoas se preocupam muito mais com a aparência das coisas e consequentemente delas próprias do que com a essência, ou seja, importa mais como me vendo (marketing pessoal), a forma como me visto, o que aparento ser para a sociedade do que o conhecimento que possuo e os valores que defendo. Vejo com profunda tristeza que parte de nossos jovens encontra-se alienada, desinteressada das questões que afligem o mundo, o país e o local onde vivem.
Penso que nunca as pessoas estiveram tão próximas, mas ao mesmo tempo tão distantes, se isolam dos demais membros da família e passam horas em frente ao computador, e, na internet conseguem dizer aquilo que pensam e até o que não pensam, ali dão as “cutucadas”, fazem seus desabafos, riem, se divertem solitariamente conectados com um mundo inteiro de pessoas. Muitos preferem ficar em frente ao computador a sair para se encontrar com amigos para um bate-papo numa lanchonete ou pizzaria. Vivemos uma crise civilizacional, o mundo inteiro está doente, o vazio, a angústia, a depressão encontram-se cada vez mais frequentes nos lares, talvez por isso, é cada vez maior o número de suicídios e engana-se quem pensa que suicídio seja coisa principalmente de pessoas pobres de países pobres, há países com elevado IDH e que apresentam altas taxas de suicídios, o mundo se tornou num mundo de números, de valores materiais, de falência dos valores tradicionalmente arraigados e seculares.
Em muitos lares as pessoas não se entendem mais, não buscam chegar até onde o outro não consegue ir para ajudá-los, as pessoas estão deixando de se visitar e dão mais valor ao TER (roupa de marca para que os outros vejam, carro novo mais potente que o do vizinho, etc.) em detrimento do SER (mais solidário, mais amigo, mais família, etc.). Nesse sentido entra até a questão do conhecimento, se busco adquirir conhecimento porque isso me dá prazer e com o intuito de auxiliar os demais a encontrar a luz, estou fazendo algo maravilhoso, mas se busco o conhecimento para ter poder sobre os demais, então “sou mais do mesmo”. Ninguém espera que a sociedade seja ou fique estática, mas não podemos abandonar o que de melhor a humanidade produziu em sua longa jornada no planeta, por isso, precisamos preservar os valores que contribuem para que todos possam ter uma vida melhor e por isso, há a necessidade de se abandonar a dedicação extrema ao mundo do FACE (aparência) e retornar ao mundo do BOOK (essência) para que a humanidade continue a caminhada para uma sociedade mundial justa e solidária.
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