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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Everest por conquistar!

 
       O Sol já havia se posto naquele longínquo 28/11/2001, o dia foi cheio, duas oficinas (curso), debates, apresentações, com uma grande expectativa tenho a noção de que falta pouco tempo, dirijo-me aos aposentos que me foram atribuídos, um banho refrescante após um dia escaldante, vou ao refeitório, janto, volto aos meus aposentos, escovo os dentes e dirijo-me ao auditório, à noite está uma temperatura agradável, tenho a convicção de que gostarei muito do que vou assistir, uma palestra com o primeiro brasileiro a subir ao topo do Monte Everest que com seus 8.850 metros de altitude é a maior montanha do planeta. Em 14 de Maio de 1995, Valdemar Niclevicz, juntamente com Mozart Catão (falecido num acidente com uma avalanche ao escalar o pico Aconcágua), levou a bandeira brasileira no topo do mundo, uma empreitada, difícil, que exigiu muito planejamento e preparação.

       A palestra de Valdemar Niclevicz contou com belíssimas imagens de suas escaladas, do empreendimento ao Monte Everest, pois segundo o mesmo quando há planejamento, não se trata de uma aventura. Valdemar Niclevicz além de excepcional alpinista é também um excelente orador, sua explanação é voltada para grandes empresas tendo como objetivo central a motivação. E você deve estar pensando o que a fala de um alpinista pode contribuir para os trabalhos dentro de uma grande empresa de capital nacional ou estrangeiro, ou para a Educação, embora a palestra nada tivesse de diferente das que proferia às empresas transnacionais servia para qualquer área profissional, porque, na verdade, ela podia ser empregada nos mais diversos aspectos da vida.

           Segundo Valdemar Niclevicz “todos temos um “Everest” a conquistar”, para alguns pode ser o primeiro milhão ou bilhão de reais, uma empresa bem sucedida, uma casa, um carro novo, um emprego bem remunerado, escrever um livro, uma viagem internacional, ser reconhecido profissionalmente e realizado emocionalmente, não interessa qual seja o seu “Everest” a conquistar, a escalada antes de iniciada pode nos parecer praticamente impossível, mas alguém já chegou lá, e se alguém chegou, você também pode conseguir, porém, se ninguém chegou,  você deve estudar o terreno e os motivos das falhas alheias, planejar as ações, buscar as ferramentas e o material de apoio necessário, ouvir os mais experientes, manter-se focado, jamais deixar com que os hesitantes e os frustrados o desanimem, uma escalada não é fácil, conquistar o seu “Everest” demandará um enorme esforço físico e mental, um sem número de horas, dias, meses ou anos de preparação, e, claro, uma enorme renúncia ao comodismo, ao lazer, ao tempo de namoro, à família, ao sossego de quem nada busca.

        Depois da palestra, fiz o que não faria por um(a) artista de TV/Cinema/Música, enfrentei uma hora de fila para Niclevicz autografar o livro que adquiri na hora e aqui transcrevo a dedicatória que estendo a todos vocês leitores: “Que teu espírito atinja a altura do Everest do teu próprio ver”.

NAMASTÊ! ¹


Sugestão de boa leitura:

NICLEVICZ, V.. EVEREST, O diário de uma vitória. Editora Sagarmatha, Curitiba, 1995.

1. “O deus que habita em mim saúda o deus que habita em você”- saudação típica do Sul da Ásia!

domingo, 15 de janeiro de 2012

Menos FACE y mucho más BOOK


Menos FACE y mucho más BOOK

Enquanto lia uma revista em espanhol de publicação paraguaia durante o curso que freqüentava encontrei um anúncio publicitário de uma universidade do referido país com um slogan que achei genial: “Menos FACE y mucho más BOOK”, de imediato chamei a atenção da maestra para a originalidade daquela propaganda, pois, vivemos num mundo “pós-moderno”, gostemos ou não, e, as redes de relacionamentos na net se tornaram um vício para as pessoas, vivemos na sociedade espetáculo, onde quem não faz o seu merchandising, o seu marketing, não existe. A genialidade que constatei no anúncio publicitário da Universidade do Paraguai se deve ao fato que hoje as pessoas se preocupam muito mais com a aparência das coisas e consequentemente delas próprias do que com a essência, ou seja, importa mais como me vendo (marketing pessoal), a forma como me visto, o que aparento ser para a sociedade do que o conhecimento que possuo e os valores que defendo. Vejo com profunda tristeza que parte de nossos jovens encontra-se alienada, desinteressada das questões que afligem o mundo, o país e o local onde vivem.
Penso que nunca as pessoas estiveram tão próximas, mas ao mesmo tempo tão distantes, se isolam dos demais membros da família e passam horas em frente ao computador, e, na internet conseguem dizer aquilo que pensam e até o que não pensam, ali dão as “cutucadas”, fazem seus desabafos, riem, se divertem solitariamente conectados com um mundo inteiro de pessoas. Muitos preferem ficar em frente ao computador a sair para se encontrar com amigos para um bate-papo numa lanchonete ou pizzaria. Vivemos uma crise civilizacional, o mundo inteiro está doente, o vazio, a angústia, a depressão encontram-se cada vez mais frequentes nos lares, talvez por isso, é cada vez maior o número de suicídios e engana-se quem pensa que suicídio seja coisa principalmente de pessoas pobres de países pobres, há países com elevado IDH e que apresentam altas taxas de suicídios, o mundo se tornou num mundo de números, de valores materiais, de falência dos valores tradicionalmente arraigados e seculares.
Em muitos lares as pessoas não se entendem mais, não buscam chegar até onde o outro não consegue ir para ajudá-los, as pessoas estão deixando de se visitar e dão mais valor ao TER (roupa de marca para que os outros vejam, carro novo mais potente que o do vizinho, etc.) em detrimento do SER (mais solidário, mais amigo, mais família, etc.). Nesse sentido entra até a questão do conhecimento, se busco adquirir conhecimento porque isso me dá prazer e com o intuito de auxiliar os demais a encontrar a luz, estou fazendo algo maravilhoso, mas se busco o conhecimento para ter poder sobre os demais, então “sou mais do mesmo”. Ninguém espera que a sociedade seja ou fique estática, mas não podemos abandonar o que de melhor a humanidade produziu em sua longa jornada no planeta, por isso, precisamos preservar os valores que contribuem para que todos possam ter uma vida melhor e por isso, há a necessidade de se abandonar a dedicação extrema ao mundo do FACE (aparência) e retornar ao mundo do BOOK (essência) para que a humanidade continue a caminhada para uma sociedade mundial justa e solidária.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Por uma cultura slow down


Por uma cultura slow down

Hoje é primeiro de Janeiro de 2012, e, como é próprio da ocasião, todos fazemos um balanço do que realizamos e também das frustrações que o “finado” ano trouxe. Para alguns 2011 deixou saudades, para outros o melhor é sequer lembrar, há ainda aqueles para os quais o ano que passou foi apenas mais um, ou seja, insosso. Mas como já abordamos no artigo “Em Tempo, sobre o Tempo”, quase todos têm a sensação que de algum tempo para cá os anos passam mais rápido que no passado, converse com alguém “jovem há mais tempo” e receberá a confirmação. Alguns chegam a afirmar que a hora medida pelo relógio é menor hoje que no passado, no entanto, sabemos que o horário mundial é aferido por relógio atômico de altíssima precisão, então essa teoria cai por chão, mesmo porque os fenômenos que alteram a duração do dia não são rotineiros e são medidos em milionésimos de segundo e necessitam ser muito fortes para alterarem o movimento de rotação da terra (um megaterremoto ou um megameteoro).
A sensação de celeridade do tempo deve-se ao fato que vivemos numa cultura “fast”, ou seja, vivemos sob o chicote do relógio, este feitor de escravos moderno, do qual quase ninguém consegue viver sem e o qual algumas pessoas quando questionadas sobre algum assunto que nada tem a ver com o horário o observam antes de proferir a resposta. A cultura fast é característica de nossa época, globalização, capitalismo, consumismo e segundo os ditames do capitalismo globalizado “time is Money” e, assim, sob o chicote do relógio precisamos produzir sempre mais, pois a empresa, o patrão, o governo precisam lucrar e arrecadar mais, mais e mais. Mas também não somos diferentes, falamos da acumulação de “mais-valia” por parte de nossos patrões, mas esquecemo-nos que ao buscarmos ter mais, consumir mais, caímos na armadilha do capitalismo, ou seja, nos escravizamos para podermos consumir um “monte de necessidades desnecessárias”. Nunca pareceu tão verdadeira aquela famosa cena em que o personagem Carlitos de Charles Chaplin no filme Tempos Modernos agia tal como um autômato.Como você deve ter observado, estou falando da cultura ocidental intrinsecamente capitalista, mas há sociedades para as quais o tempo passa mais lentamente, falo das sociedades situadas na periferia dos países periféricos, indígenas, excluídos, etc.
A Suécia é sede de gigantes empresas transnacionais como Volvo, Saab Scania, Ericsson, Eletrolux, Nokia, etc., apesar de ser um país desenvolvido e inserido na lógica da globalização, os suecos têm um ritmo diferente, antes de lançarem um produto no mercado há incontáveis reuniões, discussões em que a pressa característica de qualquer outra empresa e país não é a tônica. Os suecos tem uma “slow attitud”, não aderem a loucura imposta pela globalização e, no entanto no tempo devido para os suecos seus produtos são bem recebidos e geram bons dividendos. Há na Europa um movimento chamado “Slow Europe” que tem como objetivo conscientizar autoridades e a sociedade para desacelerar, reduzir o ritmo. O movimento demonstra que reduzir a correria diária não significa reduzir a produção, pois há países que com a redução da carga horária conseguiram manter e até mesmo aumentar a produtividade. Busca tal movimento demonstrar a necessidade de mais tempo para conviver, seja familiarmente ou entre vizinhos e amigos. O movimento procura estabelecer o sentido do humano no atual momento societário mundial para que a humanidade não se perca de si própria e no vazio, doenças como a depressão cada vez mais se enraízem. Pregam o “slow food” em contraposição ao “fast food”. As pessoas precisam ter tempo para se alimentar adequadamente, pois, “fast food” (comida rápida) remete ao aumento do sobrepeso e às doenças cardíacas.
 O ser humano precisa evoluir diariamente e para isto não pode ser transformado num autômato como o personagem Carlitos de Charles Chaplin, dessa forma, o progresso deve significar muito mais que o TER em quantidade, deve significar o SER em qualidade de vida para todos. Para isso precisamos construir uma “slow down cultura” para que a humanidade possa avançar em sua evolução espiritual, intelectual e moral, pois, do contrário continuaremos vendendo nossos melhores anos de vida bem como a saúde em troca de uma aposentadoria que quando chega, traz também o turismo hospitalar.

REFERÊNCIA: http://www.nippobrasilia.com.br/artigos/cultura-slow-down - acesso em 01 de Janeiro de 2012.