O ano de 2022 foi tenso, a
geopolítica mundial cada vez mais complexa que deu origem a guerra entre a
Rússia e a Ucrânia, sem falar nos pontos de tensão em outras regiões, tais
como: Taiwan, Irã, Kosovo, etc. As eleições presidenciais no Brasil e a tensão
por ela gerada quanto ao risco de um possível golpe de Estado, a crise
econômica e a queda do poder aquisitivo da população trabalhadora. Os contágios
e mortes por Covid, que embora tenham se reduzido, persistem. O ano de 2022,
tal como o ano anterior, foi extremamente desgastante do ponto de vista físico,
mental e emocional. Sendo a leitura algo que me proporciona relaxamento e
prazer, foi na leitura que consegui um pouco de paz ante o desastroso cenário
socioeconômico que se descortina para a maioria da população brasileira.
Em 2022 resolvi fazer uma nova especialização (Direitos
Humanos e Movimentos Sociais), ao assim proceder, não visei ganhos financeiros
(estou no topo da carreira no Magistério Estadual). A iniciativa de estudar é
porque acredito que o cérebro é como os músculos, se não os utilizamos eles
definham. O curso que concluí é um dos que sempre quis fazer (ainda falta um).
O tempo que dediquei aos estudos, lendo obras concernentes ao curso, obviamente
me tomou tempo, que em anos anteriores dediquei à leitura de obras literárias
de minha livre escolha. Dessa forma, li apenas trinta e oito livros de
literatura no ano passado (costumo ler cerca de setenta livros por ano).
A iniciativa deste artigo não é a de se gabar, mas, a de
inspirar. Algumas pessoas já me disseram que se iniciaram no hábito da leitura
(ou a ele regressaram) ao ler as resenhas de livros que publico. Digo que
também fui influenciado em tal sentido por mestres(as) que tive em toda a minha
vida estudantil. Também foi assim quanto ao ato de escrever. A vida é uma troca
entre gerações, apenas repasso as boas energias que recebi. No ano que passou,
não fui muito criterioso na escolha das leituras, em relação a autoria/continentes,
assim foram as minhas leituras: Oceania: 0,0%; Ásia: 2,7%; África: 0,0%;
Europa: 28,9%; América: 68,4%. Das leituras de obras de autores americanos, a
América Latina parece com 76,9% e a América Anglo-Saxônica com 23,1%. Quanto a
leitura de obras latino-americanas por país: Brasil: 90% (47,3% da leitura
global); Colômbia: 5% e Cuba 5%. Quanto a autoria/gênero das leituras
realizadas: 76,3% sexo masculino e 23,7% sexo feminino. Março e Abril foram
meses que li mais (7 livros/mês) e o mês que li menos, foi Dezembro (1 livro) e
isso se explica pela sobrecarga do trabalho no Magistério nesta época. Em
Janeiro também li apenas um livro, mas, foi Os Miseráveis (calhamaço para
ninguém desdenhar). A partir desta análise, desejo ler em 2023 mais obras de
autores latino-americanos (além do Brasil), africanos, asiáticos e, também mais
obras de mulheres.
As dez melhores
leituras foram: 1. Os Miseráveis (Vitor Hugo); 2. O cortiço (Aluísio Azevedo);
3. Cachorro Velho (Teresa Cárdenas); 4. Um certo Capitão Rodrigo (Érico
Veríssimo); 5. Ana Terra (Érico Veríssimo); 6. Maria Bonita: Sexo, violência e
mulheres no cangaço (Adriana Negreiros); 7. Forrest Gump (Winston Groom); 8. Senhor
e servo e outras histórias (Liev Tolstói); 9. O Sedutor do Sertão ou O Grande
Golpe da Mulher Malvada (Ariano Suassuna); 10. Clube da Luta (Chuck Palahniuk).
Como sempre faço, para evitar injustiças atribuo menções honrosas para as
seguintes obras: Terra das Mulheres (Charlotte Perkins Gilman); Terra dos
Homens (Antoine de Saint-Exupéry); A mulher que era o general da casa (Paulo
Moreira Leite); Odorico na cabeça (Dias Gomes); Uma confissão (Liev Tolstói);
Do que vivem os homens (Liev Tolstói); Riacho Doce (José Lins do Rego); O
crepúsculo da democracia: Como o autoritarismo seduz e as amizades são
desfeitas em nome da política; (Anne Applebaum); O declínio de um homem (Osamu
Dazai); Infância, adolescência e juventude (Liev Tolstói); Do amor e outros
demônios (Gabriel García Márquez); O Pagador de Promessas (Dias Gomes); O
Menino Grapiúna (Jorge Amado). A minha decepção literária do ano foi com a
famosa obra Os Maias (Eça de Queiroz). Sei que se trata de um clássico, mas,
para mim não funcionou, talvez porque minha expectativa era muito alta. Enfim,
encerro desejando-lhe um feliz ano novo, obviamente repleto de boas leituras!