A obra foi várias vezes retratada em novelas (em primeira
versão no ano de 1976) e já foi inclusive exportada para outros países nos
quais também fez grande sucesso. Não há quem a tenha assistido e não tenha se
emocionado com a situação vivida por Isaura representada magistralmente por
Lucélia Santos (1957 - ) ante o vilão e senhor de escravos Leôncio interpretado
brilhantemente pelo ator Rubens de Falco (1931-2008) e a situação dos africanos
e seus descendentes escravizados. A trama tem como personagem principal Isaura,
uma escrava branca filha de Juliana, uma linda escrava mulata com Miguel, o
feitor (branco) da fazenda do comendador Almeida. O comendador na condição de
senhor de escravos, se achava no direito de se satisfazer sexualmente com a
escrava que lhe aprouvesse. Juliana (escrava da casa grande) se recusou às
inúmeras investidas e foi entregue para que o feitor a castigasse e a colocasse
no trabalho pesado. O feitor não cumpriu o que lhe foi solicitado e o casal se
apaixonou. Desse relacionamento, nasceu, Isaura. A esposa do comendador, que
perdeu vários filhos e somente conseguiu criar Leôncio, tão logo a criança foi
desmamada, a tomou e a criou na Casa Grande dando-lhe uma fina educação com
direito a aprendizagem de línguas estrangeiras e piano. Isaura era muito bela e
tinha linda voz. A mãe de Leôncio não lhe deu alforria, pois temia que ela
fosse embora, mas, solicitou que com sua morte, ela deveria ser alforriada.
O comendador não atendeu a seu último pedido. Leôncio,
por sua vez, especializou-se em gastar e não em administração, motivo pelo qual foi para a Europa,
onde sua vida se resumia em frequentar festas e bordeis. O comendador, envelhecido, chamou-o para administrar a fazenda que se
localizava em Campos dos Goytacazes e para se casar com uma linda moça de
família muito rica. Leôncio, diante dos atributos de beleza e riqueza de
Malvina aceitou se casar. Casados, foram morar na fazenda, porém, lá reencontrou
Isaura e, não demorou a observar os encantos da escrava no fulgor de sua
mocidade. Isaura via na sua beleza, sua grande maldição, pois, era muito
assediada por Leôncio e pelos demais escravos. Também os homens que vinham na
fazenda se encantavam com ela. Miguel, o pai de Isaura, conseguiu juntar (por
meio do trabalho e adiantamentos) a fortuna exigida pelo comendador para vender
Isaura. No entanto, Leôncio se recusa a vender. Malvina sabedora das intenções
do marido, exige que ele escolha entre ela ou Isaura, porém, a notícia da morte
do comendador a obriga dar um tempo para que ele decida, após esse prazo e ante
a recusa de Leôncio, deixa-o e volta para a casa paterna.
Leôncio vê na ausência de Malvina sua grande
oportunidade. Isaura avisa seu pai que sua situação está cada vez pior ante as
investidas de Leôncio. Miguel resolve fugir com a filha para o Recife onde
vivem anonimamente, mas, Álvaro, um jovem milionário e bon-vivant a conhece e
dela se aproxima. A jovem contra a sua intuição (estimulada pelo pai) vai a
bailes da alta sociedade, num deles acaba reconhecida por Martinho, um caçador
de recompensas. Álvaro, tenta por meio da influência que tem no Recife
protegê-la, mas, Leôncio se aproveita da influência junto a autoridades na
Corte e consegue que a Justiça do Recife o auxilie na prisão da jovem e de seu
pai. Álvaro pede para Leôncio colocar preço em Isaura, porém, ele recusa e leva
Isaura de volta para o Rio de Janeiro. Na fazenda, Leôncio (com problemas
financeiros) julgou interessante reatar o casamento com Malvina. Para
satisfazer seu desejo de vingança pela fuga e recusa em aceitá-lo, Leôncio mantém
Isaura presa e acorrentada num quarto escuro (junto a senzala). Apesar da popularidade
da obra televisiva e, para não dar spoiler, paro aqui e, digo que vale muito a
pena ler também o livro pela escrita elegante (quase poética) e a leitura
prazerosa (relax para a mente).
Sugestão
de boa leitura:
Obra: A escrava Isaura.
Autor: Bernardo Guimarães.
Editora: Principis, 2021, 176 p.